Significado dos Doces Tradicionais de Natal

Não conheço ninguém que saiba o significado e a história dos doces tradicionais de Natal mas eu sabia que, tal como tudo na vida, tinham de ter um significado e então pesquisei. A história que fez mais sucesso junto do Diogo foi a do Bolo Rei.

O TRONCO DE NATAL nasceu em Paris, no final do século XIX, nos fornos do historiador e confeiteiro Pierre Lacan. O bolo tem a cor da madeira e é coberto de chocolate ou de creme de café.
Na sua origem está a tradição das famílias em reunir-se diante da chaminé, na véspera de Natal: um tronco de lenha era aceso pelo filho mais jovem e pelo mais velho; depois era benzido pelo chefe da família com óleo, aguardente ou água benta. As cinzas da madeira eram guardadas para proteger a família do diabo no ano seguinte.
De origem romana popularizou-se no Norte do país, sobretudo em lares mais pobres, como uma maneira de tornar doces as sobras de pão. Ao pão outros produtos que produziam como: o mel, ovos e limão. Se a família tivesse posses, poderia adicionar frutos secos e vinho do Porto.


As AZEVIAS nasceram no mosteiro de Santa Clara, em Coimbra, e foram baptizadas com o nome de Pastéis de Santa Clara. Ainda hoje existem.
As freiras de Santa Clara eram conhecidas por fazerem diversos tipos de pastéis e os que deram origem às azevias eram feitos com massa quebrada, recheada com uma mistura de doce de ovos com amêndoa, fritas em azeite bem quente e no fim envolvidsa com açúcar e canela. Reza a historia que eram feitos no maior dos secretismos e só as freiras sabiam a receita original.
Algures noutro mosteiro no Alentejo recriou-se o recheio com o que mais havia à mão: grão, batata-doce, abóbora, chila e amêndoa, nascendo assim um pastel diferente, ao qual foi dado o nome de azevias.


Sobre as FILHÓS, COSCORÕES OU MALASSADAS  escreveu Gil Vicente: “mando-vos eu suspirar pola padeira d’Aveiro que haveis de chegar à venda e entam ali desalbardar e albardar o vendeiro senam tever que nos venda vinho a seis, cabra a três pão de calo, filhós de manteiga moça fermosa, lençóis de veludo casa juncada, noite longa chuva com pedra, telhado novo a candea morta e a gaita à porta. Apre zambro empeçarás olha tu nam te ponha eu o colos na rabadilha e verás”.
Antigamente eram as mulheres que  amassavam as filhós e as preparavam no joelho para serem fritas no azeite, os homens  viravam-nas e observavam o tempo em que estavam a fritar. Nesse tempo, há cinco décadas atrás, esta receita típica do Natal português era um luxo, pela dificuldade que representava para algumas famílias terem acesso ao azeite e à farinha.


As RABANADAS foram criadas pela necessidade do reaproveitamento do pão seco.
De origem francesa – daí o nome de French Toast. As rabanadas variam de região para região e cada família tem a sua receita mas existem ingredientes comuns como o sumo de laranja ou raspas da casca da fruta, alguns licores e especiarias como a canela e a noz-moscada que são misturados aos ovos batidos com leite ou creme de leite, açúcar e essência de baunilha.

Diz a lenda que o BOLO-REI tem 2 mil anos de existência e que está relacionado com os Três Reis Magos (Gaspar, Belchior e Baltazar). 
O bolo-rei simboliza o ouro, a mirra e o incenso que os magos levaram ao Menino Jesus: A massa simboliza o ouro; as frutas, cristalizadas e secas, representam a mirra; e o aroma do bolo assinala o incenso. 
O bolo, devido às frutas e à forma circular com um buraco no centro, aparenta uma coroa incrustada de pedras preciosas.
Quando os Reis Magos viram a estrela que anunciava o nascimento de Jesus, disputaram entre si qual dos três teria a honra de ser o primeiro a brindar o Menino. Para acabar com a discussão, um padeiro confeccionou um bolo escondendo no seu interior uma fava, para que aquele que a apanhasse fosse o primeiro a entregar o presente.



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