Não Quero Mais

Não quero mais. Estou cansada e saturada.

Trabalho desde os 5 ou 6 anos á força das palavras rudes e austeras e das mãos assustadoras que caíam só por si em mim ou agarradas ao que encontravam pelo caminho.

Tenho o peso dessa tristeza e o cansaço desses tempos presos numa infância pela qual nunca passei.

Transporto a tristeza desses tempos e caem lágrimas invisiveis de dor e saudade do que não fui que são absorvidas pela pele. Ninguém as vê.

Olho para ti e vejo a única coisa boa de mim e todos os dias agradeço por existires. Obrigada por tudo o que fazes por mim, por tudo o que me fazes fazer por ti. Obrigada por me salvares e amares. Meu Deus, como é bom o teu amor. O melhor, mais honesto e incondicional do Mundo. Aquele amor simples que me faz sentir e saber o que é ser criança.

Estou cansada. Quero parar para encontrar um ritmo sem o som incómodo do tic tac, sem tempo nem ponteiros.

Quero encontrar o meu tempo no nada e em nada decidir em que vazio encontrar qualquer coisa que faça sentido ou deixar-me estar simplesmente lá. Viver a monotonia.

Estou saturada desta cronologia taxada por um tempo do qual não quero fazer parte. Tic tac tic tac.

Existe um enorme fosso entre mim e a realidade do que vivo e em que nada sou e em nada me sinto.

Cada vez me arrasto mais e a cada passo que dou só sinto quando estou parada, a olhar sem ver o barulho que não oiço sob um Sol ou um vento que me contam segredos e me empurram noutra direcção.

Estou sufocada em mim.

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