Seremos Realmente o Mundo?

Perdeu-se toda uma geração que acreditava que podia mudar e tinha a certeza que iria acabar com as guerras e a fome em África, afinal Nós Somos o Mundo (we are the world). A maior parte da minha geração está perdida, manipulada, acomodada, amedrontada e egoista. 

Nós acreditávamos profundamente que iriamos mudar o Mundo e tinhamos a fórmula secreta que alguém manipulou e adulterou, sem que nós nos importássemos de estar a ser manipulados porque o Mundo estava a dar-nos COISAS que eram melhores para nós mas que agora estamos a ver que afinal eram para roubar a nossa alma.

Em que parte destes ultimos 30 anos nos deixámos perder, ludibriar? Em que parte ficámos cegos? 

Estivémos tão distraídos que nos deixámos enganar por tantas novidades e descobertas e agora choramos por um passado, estamos saudosistas. 

Fomos consumidos pelo poder e pela ganância do também querer sem nos apercerbemos que no meio disto tudo nos estávamos em embrulhar numa teia de maldizer que mexeria os seus cordéis para nos comandar. 

Tanto que gritámos por PAZ e LIBERDADE e tanto que nos esquecemos que gritámos PAZ e LIBERDADE porque as guerras travadas a vários níveis não eram directamente connosco. Tanto que esquecemos que ajudámos a borboleta a bater as asas cada vez com mais força que ela se transformou num monstro que nos consome.

A PAZ e a LIBERDADE para os nossos filhos são conceitos abstratos numa sociedade que se diz moderna mas que se tornou obsoleta dentro dela própria porque nem ela acredita que poderá sobreviver a si própria, tanto que tanto marcha que não sabe quando e onde a marcha irá parar. 

Creio que, interiormente, toda a gente em medo - todos. Uns porque temem a vida que lhes estão a impôr e outros porque impõe e temem as consequência das suas imposições. 

É uma luta que poderia não ter acontecido se nós não estivessemos passado os últimos 30 anos voltados para dentro e abismados com as nossas capacidades e descobertos. "Sermos" Deuses e conseguirmos cada vez mais dar um passo me frente em novas descobertas fez de nós, afinal, a raça mais estúpida ao cimo da Terra. 

O mais transformou-se em menos e a capacidade de fugir limitada. Estamos limitados em nós porque continuamos incapazes de perceber a realidade que nos assola, porque continuamos a preferir fechar os olhos e acreditar que é com os outros, que não é possivel, não é verdade e um dia mudará.  

O nosso canto é mais confortavél do que olhar para o canto do outro e perceber que aquele canto também é o meu porque as asas daquela borboleta transportam todos os nossos sonhos, toda a nossa vida e esperança.