Resumo de Um Parto - Rim Dilatado
Finalmente arranjei alguma coragem para escrever este texto e que passe de grávida em grávida para todas as que tenham filhos com rins dilatados (bacinetes) possam preparar-se porque as coisas podem não ser tão simples e lineares como dizem.
Peçam uma 2º e uma 3º opinião e aconteça o que acontecer esperem no corredor para ver o vosso filho passar - ele vale a pena.
Dia 4 de Junho de 2013 foi após
uma ecografia no particular fui internada. A história começa assim:
Na semana anterior, na ecografia
do Hospital São Francisco Xavier fui informada que teria que de fazer outra ecografia porque devido
ao problema do rim dilatado do meu filho parecia que eu estava a ficar com pouco
liquido amniótico, mas teria de fazer a eco no particular porque e atenção: não
havia nenhum médico disponível para tal no hospital porque ou estavam de ferias ou tinham ido para
um congresso.
Perguntei:
- Então posso vir fazer ás
urgências?
- Não porque além das máquinas
não serem tão boas, os médicos de lá não têm essa especialidade e portanto não
saberão dar-lhe um diagnóstico exacto.
Sem pensar aceitei de imediato,
graças a Deus a minha condição monetária permitia-me isso e o importante era o
meu filho, mas em casa pensei e fui ao meu Centro de Saúde para falar com o meu
médico para ele me passar uma credencial. A Sra. da recepção disse que ele
estava de férias e que ali não passavam credenciais de exames pedidas por outros
médicos mas como eu insisti, mandei 2 berros e exigi falar com a responsável do Centro, lá fui atendida.
Comecei logo por levar um raspanete como se fosse
uma criança de 2 anos porque ela não tinha nada que me passar uma credencial, a
responsabilidade era do hospital e eles é que tinham de resolver e acrescentou:
- Não tenho nada que o fazer mas
vou-lhe passar a credencial e isto vai-me estragar os objectivos.
No dia 4 lá fui eu fazer a ecografia e de facto tinha pouco líquido amniótico mas e o mais importante e é
por isso que escrevo este artigo foi a informação que no final da gravidez me
deu esta radiologista, sem especialidade em obstetrícia e que nunca me foi dado por outra apesar de eu estar a ser acompanhada por uma obstetra, um médico de família, uma médica da consulta de Alto Risco,uma obstetra das ecografias e até dada altura por uma endócrinologista:
- A sra sabe que o seu filho tem um
rim dilatado?
- Sei!
- E sabe que este nível de
dilatação pode fazer com que o seu filho tenha de ser operado mal acabe de
nascer?
- Não. Aquilo que sei é que ele
poderá ter de ser operado mas nunca me explicaram quando porque me disseram que á nascença o
rim pode dar um “pulo” voltar ao normal e/ou eventualmente ele ter de só
medicado.
- Não acredito com este nível de
dilatação que não é de agora mas… Vou-lhe fazer um desenho exactamente do que
se passa.
E assim fez, explicou tudo e
acrescentou para eu me preparar porque poderia ter de ficar sem o menino mal
ele nascesse caso os médicos achassem que ele necessitava de operação. Poderia não acontecer mas para eu ter isso em mente.
Nada do que me tinha sido
explicado pelos médicos apesar das minhas 3000 perguntas cada vez que ia á
obstetra ou fazer a ecografia. Então não é bem um rim dilatado: o bacinete tem
um “tubinho” que expele líquido para a uretra e esse tubo está bloqueado, sendo
assim, como não expele normalmente urina acaba por acumula-la e inchar fazendo
inchar o rim. Como não expeliu urina não produziu líquido amniótico suficiente e inchou.
Quando saí desta ecografia fui
ter com a minha obstetra ás urgência do Hospital São Francisco Xavier para lhe
mostrar a ecografia. Primeiro fiquei logo enervada porque tinha de entrar numa
consulta de obstetrícia sem o meu marido, coisa que até ali ainda não tinha
acontecido mas também nunca tinha ás urgências ter com a médica, depois ela
diz-me que vou ficar internada.
A chorar peço para chamar o meu
marido, ela deixou, mas uma estúpida de uma médica que lá estava mandou-o sair
passados 5 minutos. Isto é uma violência para quem está para ser internada,
descobrir que se calhar vou ficar sem o bebé á nascença e poderei ter de fazer a
cesariana já no dia seguinte, caso haja vagas (sim porque agora quando o autocarro
está cheio tu és a filha da mãe que ficas á espera para reduzir custos ao
Estado que só faz uma cesariana por dia, para fazer mais tem de ser urgência).
Deram-me uma injecção para os
pulmões do bebé e mandaram-em para o internamento. Lá marcaram-me a cesariana
para o dia seguinte porque tinha havido uma desistência (uma mãe tinha tido o
seu bebé antes) mas como eu lhes disse que tinha tomado a injecção pulmonar a
minha cesariana foi desmarcada, tinha de tomar outra injecção ás 21 h do dia
seguinte. O que é a injecção pulmonar? Segundo me explicaram antigamente os
bebés que nasciam por cesariana vinham com liquido amniótico dentro deles o que
provocava infecções e engasgo, agora com esta injecção eles levam o “choque”
pulmonar que deveriam de levar na expulsão de um parto normal e libertam o
liquido.
Fiquei internada a matutar quando
seria a minha cesariana e como seria com o rim do meu filho fiz outra eco onde
se revelou que o líquido era pouco mas não escasso. Continuei internada á
espera com uma equipa de enfermeiras e auxiliares fantástica. Acabei por ser
vista por um médico que na sexta-feira me mandou para casa para passar o fim-de-semana
e voltar na segunda ao final da tarde para ser preparada para a cesariana na terça-feira.
Que nervos!!!
Como seria uma cesariana e o que
aconteceria quando o meu filho nascesse? No fundo a minha cabeça pensava que
iria correr tudo bem e que a dilatação não era assim tão grave.
Nunca quis pensar nisso
seriamente e talvez por isso quando ele nasceu encarei tudo de forma natural
mas nunca mais me vou esquecer daquele momento e ainda hoje apesar de ter aqui
o meu filho, saudável e ter sido atendida por um excelente grupo de médicos
desde o parto até ás pessoas que tiveram com ele nos Cuidados Intensivos do Hospital
D. Estefânia, não consigo perdoar aos supostos profissionais que acompanharam a
minha gravidez porque eu poderia ter sido preparada para esta situação violenta
e só soube que ela poderia acontecer sem querer e se eu não tivesse sabido o
que seria de mim na sala de parto?
Ninguém paga o sofrimento de uma
mãe que mal acaba de ter um filho, está a ser cozida e tem de dizer a um médico
que quase a gaguejar tenta explicar o problema do filho á mãe. A aflição e a
forma de tornear a conversa foi tão evidente que de repente o meu instinto
falou por mim e eu disse literalmente ao neonatologista e ainda hoje me oiço
dizer estas palavras:
- Eu fui preparada para o pior.
Sei que o pior que pode acontecer é o meu filho ter de me ser tirado á nascença
e ser levado para a Estefânia por causa do rim. Faça o que for melhor para ele.
O pai está na sala de espera chame-o e trate do meu filho, faça o que for
melhor melhor para o meu filho, chame só o pai para o acompanhar.
O meu filho foi encostado a mim
breves minutos e foi levado. Eu fui para o recobro e parece que fiz um
excelente recobro mas também tive a sorte de ter tido uma excelente equipa
desde que entrei na sala de parto. Quando fui para o piso das mamãs tiveram a decência de me meter num quarto com uma menina que também não tinha o filho
com ela (digo isto porque sei de casos em que misturaram as mamãs com e sem
filhos). A senhora que estava no quarto ao lado tinha uma menina que não parava
de chorar e estava preocupada comigo, acabei por ter de a “tranquilizar”.
Eram cerca das 21h horas e a
enfermeira chamou uma auxiliar para me levar na cadeira de rodas a ver o meu
filho que só seria levado na manhã seguinte mas teria de ficar nos Cuidados
Intensivos. Peguei no meu filho, a alegria foi tanta que nem consegui pensar
que ele tinha um dói dói, encarei tudo como uma constipação e só pensava no
melhor para ele. Combinei com a enfermeira visita-lo de novo ás 8h da manhã
juntamente com o pai porque ele seria levado por volta das 10h para a Estefânia para ser operado. Foi tudo combinadinho com ela, horários e tudo.
No dia seguinte ás 6h da manhã e
sem dizer nada a ninguém levantei-me e fui tomar banho á gato – qual cesariana
qual quê eu queria era ver o meu filho e não havia dor que me fizesse parar –
as enfermeiras deram comigo ás 7h 45m (vejam só o tempo que demorei a lavar-me)
junto á sala delas a pedir para alguém me levar aos CI (ficaram de boca aberta).
Quando cheguei aos CI e depois de
na noite anterior ter combinado tudo com a enfermeira de serviço, a enfermeira
diz-me:
- Estamos na passagem de turno,
agora não pode ver o seu filho e não vai conseguir vê-lo porque os bombeiros
foram chamados para o levar já. Se quiser vê-lo passar pode ficar aí mas não
lhe vai poder tocar.
E assim fiquei eu, no corredor, á
porta dos CI á espera de ver o meu filho passar. Chorava tanto, tanto, as lágrimas caiam-me como rios dos olhos sem eu conseguir controlar, uma auxiliar foi lá dentro falar com as
enfermeiras e com a condição de eu não lhe tocar trouxe-me o filho para eu
poder olhar para ele um bocadinho e assim foi, depois ela teve de o levar para
dentro.
Entretanto chega o meu marido e praticamente ao mesmo tempo somos informados que os bombeiros estão atrasados e
deixam-nos entrar para ver o menino mas sem tocar e ali ficamos nós. Os
bombeiros chegaram, levaram o meu menino e o meu marido acompanhou-os.
Quarta-feira e as horas a passar
e o meu menino não era operado, estava a ficar com pensamentos negativos e
desconfiada mas recebi o telefonema e depois o outro a dizem que tinha corrido
tudo bem. O meu marido esteve sempre com o filho nos CI de Neonatologia da
Estefânia, eu ligava para lá mas a maior parte das noticias recebias pelo meu
marido. O apoio incondicional dele foi muito mais que importante foi essencial, ele estava todo o dia com o menino desde as 9h ás 21h, pelo meio vinha ver-me as hospital por breves minutos, só para me dar um beijo.
Sexta-feira e eu em pulgas para
sair do hospital e ir para perto do meu filho, afinal já tinham passado 3 dias
mas a minha tensão baixa está demasiado alta. Aumenta a ansiedade e o meu
desespero, as enfermeiras tentam baixar-me a tensão conversando comigo mas a
prespectiva de não poder sair do hospital deixa-me pior. O tempo passa e a minha
tensão não baixa, chora cada vez mais e sem parar, ninguém sabe o que fazer
comigo e com o meu desespero e angustia. Pelo que choro já toda a gente do
corredor deve de saber. Uma enfermeira lembra-se que quando o piso abriu houve
um caso parecido e pede á médica permissão para me deixar sair da parte da
tarde com a promessa de eu voltar ao final da tarde.
Fui ver o meu filho, mal podia
andar mas para mim eu corria. Não sei, não posso e não consigo descrever o que
senti por ver e estar perto do meu filho. Pedi permissão para lhe tocar e
deram-me, depois pode pegar nele ao colo. Ao final da tarde regressei ao meu
hospital e preparei as minhas coisas para sair no dia seguinte.
Estou á espera que venha a médica
mas parece que hoje é um médico. Oiço música budista para me centrar e acalmar
alguma coisa que possa não estar calma dentro de mim mas sinto-me em, estou
feliz, vou sair do hospital e vou para perto do meu filho. Adormeço.
A enfermeira vem tirar-me a
tensão e… está na mesma demasiado alta. O quê??? Não pode ser, eu sinto-me bem
juro. Acabei de acordar e não me sinto ansiosa. Mas nada a fazer. Passam 30
minutos e vou de novo ter com elas, nada mudou… 30 minutos depois tudo continua
na mesma. O tempo passa e eu começo a ficar louca porque assim não tenho
autorização de saída. Ligo para o meu marido e digo-lhe que vou sair custe o
que custar mas eu vou perto do meu filho, discutimos porque ele não concorda e
eu choro desalmadamente. Só quero sair dali porque é que isto me está a
acontecer.
As enfermeiras estão sem saber o que fazer, toda a gente acha que eu
devo de sair mas não podem autorizar, fazem o que podem e não podem, chamam o
médico que está de serviço e falam com ele – entretanto já passou uma manhã
comigo a chorar convulsivamente. O médico fica incrédulo porque não sabe porque
é que eu não fiz análises e as enfermeiras dizem que ninguém as pediu. Faço as
análises e fico á espera com a garantia que dei á enfermeira, mais uma vez:
- Quando as análises vierem eu
garanto-lhe que vai estar tudo bem e que vou ter alta.
- Não diga isso porque pode
acontecer alguma coisa.
- Tenho a certeza. A minha cabeça
é que está a comandar o meu corpo, são os sentimentos mas a razão/matemática
vai dizer que o corpo está a funcionar na perfeição. Sou eu que sem saber como
estou a fazer com que a tensão suba…
Três horas depois estava fora do
hospital com medicação para a tensão e junto do meu filho que só larguei quando
ele teve que regressar de novo para uma segunda intervenção, já programada e
para o bem dele.
Agora estamos todos em casa, a
vida decorre normalmente mas muita coisa poderia ter sido evitada. Nós pais deveríamos de ter sido preparados para o que nos podia esperar, com tempo
talvez reagíssemos de outra maneira e bem que ninguém prepara uma mãe ou um
pai para ficar longe de um filho mas as coisas poderiam ter acontecido de uma
outra maneira.
O exemplo de como se devem tratar as pessoas e a sua
sensibilidade foi dado por todos os profissionais que nos acompanharam nos Cuidados
Intensivos de Neonatologia do Hospital : Estefânia porque sempre falaram
connosco e nos deram a conhecer o que poderia acontecer. Toda a gente teve
sempre um discurso muito real e ao mesmo tempo positivo porque não se esperava
nada de grave mas o exemplo de explicar, elucidar está lá.
Alguém nos poderia ter preparado
antes… mas mesmo assim sentimos-nos abençoados porque temos um filho saudável e o que vi serviu-me de lição e não posso imaginar o que sentem os pais dos bebés que têm de lá ficar meses. Esses sim são pessoas de luta, muita luta. O que chorei foi meu mas olhar para eles levava-me ainda mais ás lágrimas porque me sentia uma ingrata, chorava por nada e eles ali a lutarem todos para salvarem vidas: As Vidas de Deus!
Actualização a 15-01-2015:
Actualização a 15-01-2015:
Na altura sofri horrores, ninguém consegue imaginar o que é saber naquele minuto que vai ficar sem um filho pelo qual esperou tanto tempo mas hoje dou Graças a Deus pela equipa médica que apanhei e por todo o tratamento que o meu filho. sofri mais que muito mas foi logo, agora estou descansada e a unica preocupação que tenho é levar o o bebé ao hospital quando ele tem febre para fazer uma análise á urina (ele só teve 3x febre em 18 meses - ajuda não estar num infantário)
ola gostaria de saber de quanto era a dilatacao do seu nenen . estou de 28 sem, e meu nenen ja tem uma dialatacao de 15 mm . e so ouço e vejo falarem so posso é esperar eli nascer pra resolve isso .
ResponderEliminarOlá. Na ecografia do 3º trimestre (28-32 semanas) o rim esquerdo tinha um aumento de cerca de 70mm. Tem mesmo de esperar para ver o que acontece porque até no parto o rim pode voltar ao normal. Se tal não acontecer só depois do nascimento é que podem ser feitos exames para ver que tipo de medicação poderá dar-se ao bebé e sei de casos que os médicos deixaram esperar alguns dias e só depois tomam medidas porque querem ver a reacção do bebé.
EliminarMinha esposa fez a ultrason e o bebê estar com uma dilatação de 22,4.
ResponderEliminargostaria de saber se devo ficar despreocupado uma vez que eu me encontro muito pensativo, esse quadro pode se reverter?
O meu bebe na ecografia do 3º trimestre tinha uma dilatação de 70mm e a esperança de todos nós era que o quadro se reverte-se mas tal não aconteceu.
EliminarNa minha opinião e não sou nem médica, nem enfermeira acho que não deve ficar despreocupado porque a realidade é que o seu filho tem uma anomalia, algo que não deveria ter. Não será caso para fazer um drama mas sim de se ir informando, fazendo perguntas e esperar até ao dia do parto para ver o que lhe dizem os médicos porque só nesse dia poderá ter alguma informação mais precisa sobre a terapêutica que deverá ser aplicada ao bebé (no caso de precisar de uma) porque até esse dia tudo pode acontecer.
Acima de tudo tome notas, informe-se e faça perguntas aos vários profissionais de saúde sobre o que é um rim dilatado e os vários tipos de terapêutica coisa que eu não fiz porque acreditei naquela médica e depois foi um choque muito grande porque não estava preparada para ficar sem o meu filho 5 minutos após o parto.
Como referi o rim dilatado é muito comum existem variadas terapêuticas e os médicos estão preparados para resolver o assunto sem stress nem traumas.
Olá!!! Meu bebê está 8mm de dilatação no rim esquerdo. Estou muito preocupada. Estou de 26 semanas de gestação. Meu médico disse que não era para se preocupar, que iria me passar outra ultra para fazer. Mesmo assim estou triste e com o coração na mão..
ResponderEliminarAbraços a todos.
Eu sei o que é ter o coração na mão e o que é ter esperança que tudo passe porque essa é uma possibilidade - que o seu bebé se cure ;) Nós preocupamos-nos sempre, digam o que disserem mas não quero que se alarme, como já disse é uma doença com cura. Este meu artigo é um alerta e uma chamada de atenção.
EliminarSabe o que de pior me acontece agora? Além de periodicamente ter de fazer exames para saber se está tudo bem com o rim, o Diogo, quando tem febre, ao contrário dos outros bebés tem de ir ao hospital para fazer um exame á urina para saber se está com alguma infecção. Em 15 meses só teve febre 2 vezes ;)
Pense que existem bebés que nascem saudáveis e depois estão sempre doentes, por exemplo: Tenho uma amiga que o bebé dela nasceu bem mas depois esteve muitas vezes internado com infecções urinárias (isso é grave e problemático nos bebés). Felizmente agora está bem mas ela acabou por passar tanto tempo nos hospitais e teve tantos problemas...
Pense positivo e muita força.