O Melhor Educador de Infância do Mundo
Quando o ouvia ele estava a gritar, quando o sentia ele estava a tentar bater-me e muitas vezes acertava-me, eram palmadinhas que eu não entendia e gritos que eu não decifrava. Um dia lembrei-me de coisas que li e vídeos que vi naquela maldita rede de que toda a gente reclama mas que utiliza.
Naquele mês em que ele esteve constantemente a desafiar-me eu devo ter feito alguma coisa de errado, olhei para o espelho e vi-me. Foram cerca de 30 dias com palmadinhas no traseiro para lhe chamar a atenção que estava errado, era um: Não faças isso num tom mais alto, uma palmada na mão e não era só eu... Foi um mês maldito.
Um dia levantei-me de manhã e fiz tudo ao contrário. Por cada palmada um beijo, por cada levantar de braço um abraço, por cada grito um carinho.
Em vez de lhe ralhar:
- pego nele ao colo e dou-lhe um beijo enquanto lhe digo que está a fazer errado,
- quando ele me levanta a mão em vez de lhe levantar a minha dou-lhe um beijo nos dedinhos lindos e rechonchudos que ele tem. Se estou perto dele dou-lhe um abraço. Às vezes digo que ele tem de levantar as duas para o abraço que ele me vai dar ser mais forte e ele dá-me um abraço grande.
- quando ele não quer fazer uma coisa pergunto-lhe se quer ir a bem ou a mal e ele diz que é a mal eu faço cara de má ele ri e diz: A Bem!!! Isso dá direito a colinho, beijinhos, cócegas e/ou abraços ou a tudo ao mesmo tempo,
- se falo um bocado mais alto ele diz: Mãe, fala comigo!!! Literalmente...
- se me começo a exaltar ele diz: Mãe não grita. Mãe fala com o Diogo!!! Eu peço-lhe desculpa e baixo-me para falar com ele enquanto o mimo.
Ontem foi o dia do grande teste desde que comecei esta experiência. Ele esteve sempre a desafiar-me e eu sentia-me cansada. Depois de lhe dar uma palmada da mão e ele fez-me exactamente o mesmo que eu lhe tinha acabado de fazer, eu percebi logo que eu tinha errado. Olhei para ele, pedi-lhe desculpa e dei-lhe um beijo, demos um abraço. A coisa acalmou mas ele estava mais virado para aquele lado e eu ignorei-o o tempo todo.
Tem dias que não vale mesmo a pena chatear-mo-nos por coisas que não valem a pena porque conhecemos bem os nossos filhos e sabemos que aquele não é o seu feitio nem a sua forma de estar, ele pura e simplesmente está em dia não e alimentar essa disposição só a agrava e causa discussões desnecessárias entre uma criança e um adulto que se esquece que está a falar com uma criança, ou seja, uma pessoa com outro entendimento das situações e do mundo. Nos outros cerca de 30 dias eu teria-o enfrentado.
Depois pedi ao Luís para ir com ele lavar os dentes porque o Diogo continuava com a mesma disposição e eu sabia que ia perder a calma, quando comecei a ver que aquilo estava a ser motivo de stress entre eles, já eu tinha respirado fundo e distraído-me com outras coisas durante alguns minutos e senti-me pronta para arranjar uma solução engraçada para o Diogo ir lavar os dentes a brincar sem discussões.
Entre mim e o Diogo tem havido uma grande compreensão e cumplicidade. Ambos nos apoiamos cada vez mais nas conversas e brincadeiras. Tenho falado muito com ele, tenho-o visto brincar e seguido as brincadeiras dele e aprendido... Cada vez lhe dou mais beijos e abraços.
Tenho o melhor Educador de Infância do Mundo.
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