Independência

Quando eu era criança e adolescente tudo se fazia a pé. 

Ninguém tinha medos e era um orgulho ir ás compras sozinha, ir para a escola sozinha, ao médico, ás actividades, a casa dos amigos, ao parque, ao cinema, ir sozinha... simplesmente ir.

Tudo se passava dentro da nossa área de residência ou estava ao alcance de um bilhete de eléctrico ou autocarro mas era tudo já ali. Rápido e de fácil acesso. E ainda é. 

Construíram mais prédios, mais infraestruturas de apoio mas tudo continua igual em termos de disponibilidade e acessibilidade.

Temos Centros de Saúde, Hospitais, escolas para todas as idades, cinemas, cafés, restaurantes, supermercados, merceeirias, frutarias, farmácias, parques infantis, zonas verdes, lares, escritórios de empresas, transportes públicos, ginásios, bombas de gasolina, Polícia, bombeiros. 

Tudo existe aqui, á distância de um passo. É possível viver e trabalhar aqui com poucas ou nenhumas deslocações. Hoje não moro mas trabalho aqui. Esta é a minha terra e aqui faço tudo. É um sítio familiar e seguro.

No outro dia vinha uma notícia no jornal que dizia que as crianças portuguesas gostariam de ir mais vezes a pé para a escola. 

Nas crianças a vontade da independência não mudou mas o Mundo mudou.

Todos os dias ás 14.30 vejo o mesmo menino, com cerca de 10 anos, no mesmo passeio, a caminho de casa, sozinho, numa estrada com pouco movimento e tenho um arrepio.

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