Ser Rebelde

Desde sempre fui rebelde.

Incapaz de estar sossegada ou calada quando algo não me agradava. 

Nessa rebeldia estive quase sempre do lado contrário do muro. 

Quando assentei, por volta dos 30, deixei de rebelde para ser refilona.

Mudaram o adjetivo mas não a essência porque ser rebelde aos 30 com trabalho fixo, casa e carro tem outro nível e chamar rebelde a alguém que é dono do seu nariz não faz sentido.

Mas... Continuei do outro lado do muro. 

Já não usava calças e blusões rasgados, despejava garrafas de whisky ou vivia á noite mas nunca fui propriamente a filha prodígio e o exemplo que a sociedade deve seguir.

Não sei se por defeito, por feitio ou por frustração de ter optado por sair do underground Lisboeta, condenado pela sociedade, continuei a refilar.

Na minha empresa sou conhecida por isso e a minha "fama" tem-me acompanhado. Não gosto, não como e não tenho medo. 

É verdade que muitas vezes não penso nas consequências mas eu sou assim e de mim o que têm é o que vêem, sem subterfúgios, com ou sem razão.

Nunca fui moldada pelo medo. O conceito de liberdade e honestidade é-me tão precioso como o ar que respiro e quando me sinto enganada fico muito revoltada e sofro muito.

Nunca fui de vinganças, volto para trás e vou chorar. 

Mentirem-me e enganarem-me corrói-me realmente as entranhas ao ponto de ficar fisicamente doente.

Das poucas coisas que quero do Mundo é sinceridade, liberdade e saúde. 

Quando via uma estrela cadente só pedia para ser feliz. Gosto tanto de ser feliz e gosto muito de ver os outros felizes e acho que existe tão pouca gente feliz. Talvez porque querem demais. Eu só quero ser feliz.

Eu só quero ser feliz. Só quero continuar a ser a rebelde do outro lado do muro e sonhar.

Comentários