Profunda Essência
Hoje tens memórias com... Ás vezes acho que é só isso que tenho: memórias.
Vou fazer anos e receber parabéns vazios de conteúdo, frases feitas, bonecadas e lembranças facilitadas pelas redes sociais. Se elas não existissem quantas pessoas se lembrariam de mim?
Ninguém, praticamente ninguém. Quase não tenho amigos reais e os que tenho estão, tal como eu, tão envolvidos nas suas vidas que pouco mais se lembram do que de si e dos seus. São sinais das modernices de coisas efémeras.
Tenho tantas ou tão poucas ligações emocionais que ninguém sentiria a minha falta se eu desaparecesse. Talvez um comentário, um breve lamento, um click no perfil e depois nada: fim dos likes.
Ninguém se vai lembrar de mim e só deixarei saudades ao meu filho, a única pessoa que me conhece e ama como ninguém, como eu mereço.
Não sei se acontece com todos os pais mas o Diogo é muito mais que a minha vida, ele é a minha essência, o meu ser. Sem quaisquer palavras ele sente-me e protege-me e acarinha-me. Ele toma conta de mim, abraça-me, beija-me e envolve-me como ninguém. É um fio que liga a terra ao céu, o corpo á alma e é só nosso, invisível e indivisível.
Amanhã faço anos e a única pessoa que vai ser honesta será ele. Algumas pessoas irão, naturalmente, lembrar-se sem uso de bengalas postiças mas ele será o mais honesto na sua essência porque será o único a perceber a minha solidão interior, como o percebeu ontem á noite quando me chamou para mais perto, quando me fez muitas festas e deu-me lentos e demorados beijos em toda a minha cara e pegou na ponta do lençol e segurou as minhas lágrimas. Ele entenderá.
Amanhã será mais um dia e como não farei nada ninguém se lembrará de fazer nada por mim porque toda a gente está habituada a que seja eu a fazer tudo. Sempre foi assim e a cada ano passado eu vou-me deixando fechar mais em mim e descubro corredores que não sabia que existiam na minha casa.
Não me identifico com o que faço, aqui. Não me sinto presa a nada, aqui. Não sou naturalmente feliz, aqui. Nada...
Sinto uma estranha nostalgia pelas coisas que podia fazer e cada vez mais sinto a saudade de onde poderia estar e começo lentamente a entender porque nunca me senti realmente pertença dum sítio, dum espaço, dum país.
Sinto uma estranha nostalgia pelas coisas que podia fazer e cada vez mais sinto a saudade de onde poderia estar e começo lentamente a entender porque nunca me senti realmente pertença dum sítio, dum espaço, dum país.
Esta vida, assim, é inútil e não existe qualquer utilidade em persistir nela porque provoca solidão, tristeza, insegurança. Quase 50 anos depois de ter nascido sinto que não faço parte de nada por culpa de tudo, de todos e de mim.
A única coisa que quero é voar, parar de chorar, sentir o cheiro das coisas, o som dos passos e sentir amor. E quem sabe sentir saudades do que sou agora.
Quero amor aquele amor especial, poético, único, que só tu sabes dar e entender, meu filho, porque mais ninguém está disponível para querer dar e entender mesmo quando é pedido e explicado.
Só. Na minha mais profunda essência.
Querida Sandra... compreendo bem o que dizes e sentes... bem demais.
ResponderEliminarMas amanhã quero cá vir dar um abraço ainda que virtual de parabéns e te dizer que o Amor de Deus nunca acaba! é Ele que me dá a mão.
bjos doces